Vamos lá, já disse neste blog que evito o tema da política atual brasileira pelo simples motivo que considero meu entendimento nem tão profundo nem capaz de compreender todos os lados envolvidos – apesar dos meus esforços – para dar uma opinião que valha a pena ser dada. Com o cenário tão próspero sobre os abusos de poder, corrupção e suas malas de dinheiro guardadas em apartamentos de laranjas, fica inevitável fugir do assunto. Mesmo assim, ao invés de descarregar aqui toda a minha indignação – legítima – que muitas vezes incentiva raiva e desânimo – e creio, contribuem pouco – optei por trazer para reflexão o nosso papel nessa história toda através do conceito da Integridade, de sermos todos Uno (conceito base do Movimentos Humano Solidariedade).

Quando um governo atende as classes sociais mais baixas esquecidas pelo antigo poder e usa disso para iludir os oprimidos e excluídos, outsiders do sistema e seus simpatizantes; quando aproveita a raiva acumulada nestes segmentos graças a séculos de injustiça social, para no fundo, gerar a distração necessária e desviar dinheiro suficiente que poderia colocar a educação, a saúde e a segurança deste país num outro patamar de justiça social – e isso não é um exagero!; ele não somente agride aos pobres, seus fiéis escudeiros, como também, a mais longo prazo, a elite que tanto ataca nos seus discursos, nos seus palanques inflamados, mas que sustenta toda sua máquina política.

Quando um governo distante do todo, a partir da sua estreita visão de mundo, sem compreender a realidade do outro lado de seu muro de isolamento, ou, que pode ser pior, elitista – embora elite e estreito sejam bastante similares -; se coloca como organizador da bagunça, mostra agilidade e age como se um país, uma cidade fossem uma máquina, totalmente possível de ser prevista e controlada; quando tenta valorizar a produção e os negócios que sim, geram emprego, porém o fazem quase evitando que as classes menos abastecidas possam ascender socialmente, sustentando o sistema opressor do Poder Sobre (entenda mais sobre os tipos de poder no Movimento Humano Poder Isonômico); pode promover melhorias práticas no sistema – necessárias –, pode gerar dividendos e apontar para uma melhora na economia a curto e médio prazo; porém, se não cuidarmos que todas as camadas sociais possam crescer, o atrito social continuará a gerar cada vez mais violência e degradação. Será a construção de sucesso encima de barris de pólvora.

Se não entendermos que todas as classes sociais fazem parte do mesmo sistema ao qual fazemos parte, portanto, estamos interrelacionados e suas questões nos atingem; que os pobres, por mais longe que os coloquemos fora das áreas nobres onde costumamos circular, fazem parte do nosso próprio sistema; se não entendermos que o desmatamento da Amazônia, a sua poluição e degradação sistêmica interfere na nossa vida hoje – e muito mais amanhã -; não vamos conseguir criar o país em que sonhamos viver. A distribuição de renda justa e digna começa por nós. O cuidado pelo nosso meio ambiente, pelo nosso ar e pela nossa água, começa por nós.

Ambas correntes políticas que mencionei acima fizeram coisas nobres e corretas. Fizeram o que outro lado não fez. Ao mesmo tempo, erraram muito. Prejudicaram este país, evitando seu crescimento e desenvolvimento social. Continuar a polarizar a política, a nossa vida, será sempre viver numa gangorra. Será manter o padrão velho, arcaico da política, do Poder Sobre nas nossas vidas. Precisamos compreender que Integrar é criar possibilidades para o novo acontecer nas nossas vidas. Duvido que velhas fórmulas tragam sucesso duradouro. Precisamos de uma visão aberta que seja capaz de captar o melhor de cada passo da nossa história, honrando nosso passado, aprendendo com ele; e se abra para novas formas de relações. Neste momento, que o desânimo toma conta de muitos de nós, nos tira a fé neste país, devemos lembrar que cada um de nós, somos este país. No dia das eleições, exerceremos nosso papel de cidadãos. E até lá? O que estamos fazendo para gerar um novo sistema de poder nas nossas vidas?