Tinha um cliente há alguns anos que definia um segmento de consumidores pelo termo de ‘marronzinho’. Essa expressão associava a cor marrom ao espírito desse grupo: opaca, um pouco apagada, sem se sobressair. Essa definição nos ajudava a entender que essas pessoas se sentiam confortáveis sendo comuns no sentido de iguais, eram pessoas que quando chegavam num lugar e viam que estavam com o mesmo estilo de roupa, se sentiam felizes por estarem ‘dentro’ do grupo. Cores mais vibrantes ajudavam a definir outros espíritos de grupos.



Mas voltando aos ‘marronzinhos’, lembrei disso porque nesta semana uma amiga comentou que tinha ouvido que meu marido tinha ‘amarelado’ por ter optado em deixar o mundo corporativo. Fiquei pensando nessa avaliação. Foi num dia que justamente conversei com outro amigo que estava se questionando sobre a vida corporativa e seus valores. No dia seguinte encontrei mais pessoas com o mesmo questionamento… como acredito que seja algo coletivo, quis lhes dizer que tomar decisões que fogem aos valores reinantes dentro de um grupo pode, sim, nos torna excluídos, nos deixar mais ‘amarelinhos’, porque deixamos de vibrar no mesmo tom deles.
Sei que a decisão de ser um ponto fora da curva, tem que estar bem sedimentada dentro de nós, já que a cobrança vem até dos amigos e familiares porque você deixa de fazer parte do que para alguns é considerado, o Sucesso, e muitos destes gostam de saber que estão em contato com esse ambiente através de você. Para poder sair do tom considerado ‘sucesso’, e partir para o tom ‘amarelo’ sem tanto sofrimento, a opinião do outro tem que ser menos importante do que seguir “o desejo que vem da Profundeza de teu Ser” como o especial Roberto Crema fala. E essa decisão deve vir tranqüila, no seu tempo. Não é um grito revolucionário, não é externo. É interno.


Quando começamos a ser ‘amarelinhos’, começamos a ver o mundo de forma diferente. Começamos, sem planejar, a encontrar novos valores, novos interesses, novas pessoas que há muito tempo vibram em outros tons. Pessoas que vão colorindo as suas vidas em tons mais pastéis, alguns monocromáticos, alguns berrantes, mas sempre originais, apresentando o seu tom único e pessoal. Se permitindo Ser no mundo que quer padronizar até isso.
De repente, você olha para aquilo que custo muito deixar, e se surpreende ao olhar que no fundo eles são todos ‘marronzinhos’, vibrando todos no mesmo tom, querendo todos ‘fazer parte’, querendo todos ser iguais, muitas vezes mitigando e até esquecendo, como eles são de verdade. É claro que tem gente que gosta e é feliz sendo assim. Livre arbítrio. O importante é saber que você está optando.
Posso lhes garantir que começar a ser ‘amarelinho’ não é um caminho fácil, mas dá um prazer, uma satisfação e uma felicidade que eu nem sei explicar direito, mas que eu espero que vocês tenham a coragem de experimentar.

“Que você consiga se conectar
com a profundeza de teu Ser,
que te traz o desejo,
que te dá a força,
que te dá a vontade,
a vontade para seguir o teu destino”.
Salve Roberto Crema!