Vou aproveitar o início da primavera que representa um novo ciclo no planeta Terra para falar sobre a Legalidade. Olhando nosso querido Aurélio, lembro que ‘Legalidade’ significa “em conformidade com a lei, legitimidade“.

As leis foram criadas – ou pelo menos deveriam ser criadas – em um país democrático como o nosso, para estabelecer uma ordem que, como causa primaria, têm a finalidade de beneficiar a maioria. O fato de elas não serem cumpridas isonomicamente ou não nos parecer justas, não anula o seu poder soberano. Como cidadãos de um país democratático, cabe a nós acatar as leis existentes e, se for o caso, lutar para que elas sejam mudadas.

Antes de entrar de férias lí na Veja uma pequisa que mostra que as pessoas de baixa renda ou de nível de instrução menor tendem a ser menos legais – no sentido da legalidade – e aceitar mais o incorreto em benefício próprio do que as pessoas de maior renda e nível educacional. A pesquisa não me suprendeu já que infelizmente havia constatado esse fato nos estudos da Behavior com as classes C e D, mas ajudou a confirmou que o discurso populista contra as classes abastadas muitas vezes não passa de manobra para aproveitar a energia da raiva, inveja, insatisfação e rivalidade entre os diferentes, para obter a ‘distração’ do que é importante: o que as autoridades, de fato, fazem.

Outro ponto que considero importante trazer para elucidar meu raciocínio, é que quando estudamos o comportamento social, muitas vezes colocamos como similares as pontas da pirâmide mais afastadas: a classe mais elitizada e os mais pobres da pirâmide. Em diversos aspectos eles possuem atitudes e moralidade parecidas já que ambos segmentos se sentem acima ou fora da lei. Os motivos são completamente diferentes: os mais abastados sentem que as leis não os atingem; e os mais pobres agem fora da lei porque sentem que não tem nada a perder.

Portanto, e agora explico o porque dessa explanação, no meu entender, é a classe média em toda sua abrangência que deverá trazer – e eu torço por isso – a grande mudança de valores da sociedade em que vivemos. Nós gostamos de estar dentro da lei, nós sofremos a conseqüência da lei e a maioria de nós queremos a lei sendo exercida e respeitada. Nós nos sentimos seguros com essa realidade. Com nosso nível educacional, podemos compreender melhor a situação econômica e política do país, viajamos ao exterior e conhecemos in loco modelos diferentes de vida, conhecemos sociedade mais ou menos cidadãs que nos permite comparar.

Se esse meu raciocínio estiver correto, e fizer lógica, porque não tentar viver cada vez mais na legalidade? porque não trazer para nós a lei que rege o país em que vivemos? porque não tentar ser mais cidadãos?

Eu sou empresária há mais de 10 anos e sei muito bem o tamanho da carga tributária e o quanto me deixa irada pagar os impostos tirando de mim o lucro que tenho direito para vê-lo aplicado muitas vezes em ações corruptas. Mas nada deve me servir como pretexto para permitir que a ilegalidade continue existindo. Nada. A ilegalidade não se combate com ilegalidade. A gente é legal pela gente, não pelo outro. Assim como eu acredito que a gente é fiel e respeitoso por valores que estão dentro de nós e agimos assim por coerência. Não porque temos alguém a nosso lado que nos é fiel e nos respeita. Pense nisso.

Pense em trazer legalidade na sua vida, no seu dia-a-dia. Traga essa força do que é do bem para sua vida. Quanto mais este país estiver se corrompendo, mais devemos ser fiéis a nós mesmos e trazer luz nesse ambiente sombrio.

Pense que quando compra algo pirata, por exemplo, está sim incentivando o abuso da mão de obra ilícita, quem sabe de mão de obra escrava, lá na ponta. Você já se perguntou como esse produto foi feito? Quais são as condições de trabalho das pessoas que produzem um produto com esse preço? O quanto você quer se importar em saber? Ao optar pela ilegalidade estamos PROMOVENDO, assim em maiúscula, que o submundo exista. A minha raiva pelos impostos que pago e o meu desejo de poupar meu dinheiro, pelo menos para mim, não são suficientes para ser cúmplice desse mundo corrompido.

Pense nisso, sinta isso. E eu lhe peço: traga mais legalidade para sua vida.