Uma das frases que mais ouvi do meu pai a vida toda foi: “não sofra por antecipação”. Às vezes eu retrucava dizendo: “então me ensina a fazer isso”. Ele dava uma risadinha e dizia: “simplesmente não sofra”. 

No fundo eu tenho a impressão que ele sabia que era impossível ensinar isso para uma mulher. Pensando sobre o assunto, e olhando alguns exemplos do dia a dia, me vem a cabeça que juntar seriedade com leveza é coisa que não veio mesmo no DNA feminino. Eu não tenho nenhum embasamento científico para dizer isso, mas tenho fatos. Normalmente nós, mulheres, encaramos tudo com muita seriedade. No trabalho então…é quase que um pecado corporativo para nós misturarmos o momento de trabalhar com diversão. Não estou falando que a gente não dê risada e não se divirta, mas no fundo, a gente gosta de separar as coisas. É como se para nós tudo tivesse a sua hora. Hora de brincar é de brincar. De trabalhar é de trabalhar e assim por diante.

Isso me faz lembrar um ponto levantado no Projeto Homens. O homem contemporâneo tem estado meio confuso sobre seu papel e um dos lugares onde ele agora encontra um certo canal para ser útil é como pai. Isso porque ele consegue entrar no universo infantil e brincar com seus filhos muito mais do que as mulheres. Fala a verdade, especialmente se você for mãe: brincar com o filho você até brinca, mas não é exatamente aquela coisa de soltar a imaginação, se jogar no chão e se deixar levar. 

Tenho feito algumas pesquisas a respeito, em função de um possível negócio que pretendo lançar e conversando com as mães, elas sempre me dizem que gostam de brincar de pintar, montar kits e coisas assim com os filhos. Ou então ir ao teatro, shows, parques…essas coisas. Poucas mães conseguem realmente se entregar, na verdade. Porque, afinal,  mãe é mãe. É coisa séria. É isso que eu escuto elas falarem ao argumentar sobre o que gostam de fazer com seus filhos.

Ainda não se convenceu? Então me diga: quantas mulheres, na faixa de 30 anos ou mais, curtem video game. Poucas. Bem poucas. Meninas mais novas, amam. Mas mulheres, não gostam. Agora te pergunto: quantos homens na mesma faixa de idade adoram video games? Até os que não têm filhos amam. 

Mas e daí? E daí que a gente deveria começar a praticar um pouco mais a mistura de seriedade e diversão. Rir de si mesma. Descontrair no meio de uma apresentação séria. Dar uns gritos de vez em quando brincando com os filhos de pega-pega dentro de casa. Você vai continuar sendo respeitada e séria do mesmo jeito. Tenha certeza disso! 

No fim das contas, eu fico me perguntando: por que mesmo a gente tem que ficar com esse rótulo de ranzinza e chata enquanto os meninos se divertem?