Street art fotografada na fachada
de um restaurante em Moema. Sem a assinatura do artista

Toda vez que a Nany traz  fatos que colocam em perspectiva o homem atual e seus dilemas sinto um certo desconforto. Especialmente nas seguintes palavras: 

Só que esse novo rei não quer reinar sozinho pelo ônus que isso significa. E ai, ele quer o posto de majestade, tendo seus desejos atendidos, mas sem a responsabilidade de ser o provedor e o sábio. Fácil, não é? O caminho encontrado por aqueles que não lutam pela retomada do poder, no poder para, é virar quase um filho da mulher. E a mulher meio maternal, e meio porque lá no fundo acredita que mulher é superior ao homem, vira uma grande companheira-mãe que trata de proteger, dirigir e perdoar o seu homem.

Sabendo que se trata da verdade estudada por ela nos projetos da Behavior, e portanto, absolutamente crível, fico sempre me questionando de onde vem este meu incomodo. Não sou exatamente uma mulher maternal e por isso descarto o fato de achar que o homem tem que vestir o seu manto de rei e, nós, as protetoras, temos que passar a mão na sua cabeça. 

Tenho comigo que o que mexe comigo tem a ver com o meu filho. Sempre me questiono sobre o que é necessário fazer para criar um homem para uma nova era. Como trazer o seu lado positivo deste momento, deixando de lado os padrões que delimitaram os últimos séculos? Não é nada fácil. Especialmente no que diz respeito aos relacionamentos amorosos. Óbvio que sempre tentei ensinar meu filho a ser respeitoso, integro e absolutamente sincero com as meninas. Também tento passar meus próprios valores mostrando a ele que, numa relação, todos temos que compartilhar o lado bom e ruim, o ônus e o bônus e que, definitivamente, não há o melhor, o maior, o mais importante.

Ainda é cedo para ver se ele vai construir relações maduras e de companheirismo tão necessária neste novo momento, mas sou otimista e acredito que exista luz no fim do túnel. Vejo isso nas relações que meus sobrinhos mais velhos estão construindo com suas companheiras. Percebo entre eles algo mais equilibrado do que na minha geração ou em gerações anteriores, onde a menina tinha ou um papel de subserviente ou de superiores a todos os machos. Nem sinto a majestade tão destacada neles, embora, obviamente ainda aparecem naquele jeito mais despojado que a maioria dos homens possuem. E claro que ainda existem diferenças (ainda bem!), mas elas não estão relacionadas a quem manda ou a quem tem mais poder sobre o outro.  

Existe um outro lado desta questão que me parece também fundamental: a forma como as jovens mulheres vão lidar com este novo homem. A evolução vai ser feita pela caminhada lado a lado e o equilíbrio da relação passa pela aceitação mútua – não vejo ainda uma outra forma. Neste ponto meu coração fica bem apertado, pois sinto o quanto é fundamental o papel dos pais atuais nisso tudo. Não existe milagre e nossos jovens só poderão romper com os antigos padrões se nós, os pais, trabalharmos os alicerces necessários para isso.