Ontem fui parar num lugar totalmente desconhecido e que me gerou um turbilhão de emoções estranhas – o que me fez refletir muito a respeito do tema que estamos trabalhando nas últimas duas semanas: leveza.  

Após uma reunião de trabalho, num lugar bem afastado de onde moro e por uma série de fatores, acabei me vendo num lugar que não conhecia, com chuva, quase escurecendo. O sinal do celular era ruim, não conseguia chamar um taxi ou falar com alguém conhecido para me resgatar. Tudo que me restou foi a mesa de uma lanchonete onde sentei para conectar as ideias. Quais eram as minhas opções para sair dali e chegar em casa? Sem celular, sem taxi e, num lugar bem deserto da Marginal Pinheiros em São Paulo, poucas opções me restaram. Aliás, uma única opção. Um ponto de ônibus. Fiquei muito apreensiva ao concluir isso. Apreensiva porque tinha um tablet e mais dezenas de traquitanas tecnológicas dentro da bolsa, não estava com uma roupa, digamos, adequada, para entrar num ônibus, além do  medo de não saber onde ia parar, já que não fazia a menor ideia de onde os itinerários dos ônibus que ali passavam iam dar. Respirei fundo e lá fui eu. 

Não vou negar: estava com medo, tensa. Quando passou um ônibus que significava, pelo menos, um nome conhecido para mim, entrei. Já lá dentro, atenta ao caminho, olhei para as pessoas que estavam ali comigo. Todos resignados a mais um dia de trabalho que chegava ao fim e, certamente, aquela seria apenas um das tantas conduções que eles pegariam. Imediatamente percebi: Eu estava com medo do que exatamente? Daquelas pessoas? Como poderia morar em São Paulo e dizer tanto que gosto da cidade se não sou capaz de me sentir igual a eles? Não estou falando em desbravar de corpo e alma todos os meandros de uma cidade que, sim, é perigosa. Nem estou dizendo que não é preciso estar precavido. Mas estava equivocada com relação ao que estava passando. Não era o fim do mundo. Era apenas um lugar novo, desconhecido. Com cautela, conseguiria sair dali em segurança. 

Hoje estou falando com toda esta tranquilidade, mas ainda não estou totalmente recuperada da aventura. Demorei para dormir ontem. Me senti incomodada. Acordei com meus sentimentos revirados hoje. Mas é bom estar consciente e capaz de, em poucos minutos, conseguir ver a tensão se formando e o medo tirando a paz. É assim que nossos sistemas internos reagem a nossa mente. É assim também que encontramos paz e serenidade para passar pelos percursos de vida com mais tranquilidade. Basta estarmos atentos a nós mesmo.

Um ótimo final de semana para todos nós.