Há um ano e quatro meses chegamos em São Paulo decididos a recomeçar nossas vidas. Foi uma decisão que até hoje nos dá muito orgulho (Início na postagem http://behavior.web1313.kinghost.net/blog/quando-um-homem-decide-olhar-para-si/). Mesmo assiduos em São Paulo, no dia-a-dia tudo era novo: a casa, o escritório, as pessoas, a padaria, a manicure… essa oportunidade de ‘começar de novo’ e tentar novos caminhos sempre me fascinou o que tornou tudo mais agradável apesar das dificuldades.

Me considero uma pessoa aberta a mudanças e, com os anos creio que fui conseguindo me preocupar mais em seguir minha ‘voz interior’ do que em seguir a opinião dos outros. Foi por isso que em dezembro passado me surprendi quando senti muito uma nova mudança: abrir mão do escritório comercial e partir para o modelo homeoffice.

Há anos que venho modificando a forma de prestar serviços. Na minha área é comum tercerizar, mas mantive, embora reduzidamente, uma pequena equipe para me auxiliar e me assessorar tanto no plano pessoal como profissional. Com a vinda a São Paulo, meu marido e eu decidimos abrir mão de um staff doméstico partindo para o que consideramos o realmente necessário. A idéia era simplificar sem abrir mão da praticidade. Na Behavior, minha empresa, não foi diferente, abri o escritório só com uma pessoa que cuidasse do administrativo-financeiro. Tive um período que contei ainda com uma secretária porém o modelo de uma pessoa para me auxiliar se mostrava razoável.

A idéia de contar com um staff era ocupar meu tempo em assuntos mais ‘relevantes’ e que me rendessem mais financeiramente. Mas o que descobri quando abri mão do modelo é que o staff tem também outros significados. Para os outros, é uma demostração de teu sucesso. O que sob alguns aspectos não está equivocado. Para mim, e ai que creio que foi onde me pegou, além de tornar meu dia-a-dia mais prático, também significava sucesso. Me sentia bem dizendo que tinha um escritório comercial, que tinha uma empresa com funcionários. Para me sentir aceita dentro de um formato social que é considerado ‘sucesso’ pagava literalmente por isso.
As pessoas que trabalharam comigo me ajudaram e muito. Não é essa a questão, mas o que venho descobrindo aos poucos é que para sustentar a sua função elas e eu criavamos mecanismos que as mantinham ocupadas e que hoje não fazem nenhuma diferença: planilhas e mais planilhas de controle, equipamentos ‘necessários’, fornecedores que davam suporte. Em fim uma máquina para sustentar e justificar a existência da própria máquina. Tudo isso para quê?
Logo depois de entender o que tinha acontecido participei de um jantar no qual praticamente todas as pessoas as quais comentei que montei um homeoffice me olhava com certa pena por ter tentado e não ter conseguido. Todos sentiam o meu fracasso. Esse jantar me ajudou em compreender que o sucesso e a vitória podem ser coletivos, e nesses casos sempre serão regido pelo establishment que nem sempre atende a tua alma e teu sentido de vitória. Naquela noite eu me sentia muito vitoriosa por ter tido a coragem de não continuar com um modelo que não me dava retorno. De dar alguns passos atrás, publicamente.
Nada impede que no futuro abra novamente um escritório comercial fora de casa. É fato que o escritório que montei, no seu formato, não estava valendo a pena. Poderia manté-lo por mais um ano mas tive a sorte de contar com um marido que me abriu a possibilidade de novos modelos. O que é importante para mim, e é isso que gostaria de compartilhar, é a reflexão de quanto gastamos de recursos, de todos os tipos, para manter formas aceitas socialmente mas que não somam muito, não nos trazem grandes benefíciso a não ser as pessoas nos considerarem vitoriosas. Mesmo que em casa, você saiba que isso é falso.
Cada um de nós paga os preços que deseja pagar. É sempre uma questão de escolha, mas sempre lembrar que a vida é nossa.