Fiquei a semana toda pensando se fazia sentido falar aqui de uma história de amor bem específica: o amor entre homens e seus cachorros. O questionamento era se fazia sentido falar deste assunto dentro do projeto Movimentos Humanos. Hoje tive a resposta. Estava passando em uma praça quando vi um bulldog se soltar do seu dono e vir correndo em minha direção. Pesadão e desajeitado, como são os cachorros dessa raça, não tive nem tempo de me desviar das suas patas que pegaram em cheio a minha roupa. Resumindo: fiquei suja de lama da cabeças aos pés com a empolgação de um cachorro que, aparentemente, nunca me vira antes. No entanto, parece que já éramos velhos conhecidos. Simplesmente me abaixei e fiz um carinho nele. O dono do cachorro ficou constrangido quando viu o meu estado, mas eu disse a ele que não havia o menor problema. Aquele era um encontro especial. A resposta que eu precisava: sim, vamos falar sobre este amor!

Um dia, assistindo a um programa na National Geographic, ouvi a história de que os cachorros, lá na pré-história, eram lobos com algo que os diferenciava. Eles encaravam os homens. O homem das cavernas começou a perceber esta distinção, e aos poucos, esses lobos se aproximaram dos humanos e começaram então, uma relação mais próxima, pois caçadores que eram, os primatas, entendiam que havia algo especial ali, já que nenhum outro animal na natureza os olhavam nos olhos. Segunda esta história foi assim que nasceu o amor do homem pelo cachorro e vice-versa. Nos tempos atuais, como toda relação, esta também sofre consequências estranhas, fazendo com que muitas pessoas tenham uma afinidade não saudável com seus animais – tratá-los como filhos por exemplo. De qualquer forma, é inegável que este amor traz muitas lições que aquecem nossos corações. 

Coincidência ou não (acredito que não!) esta semana li a história de um menino de 6 anos que explicou aos pais porque os cachorros têm uma vida mais curta do que os humano. O garoto chamado Shane disse: 

Eu sei porque! As pessoas nascem para aprender como ter uma boa vida – como amar todo mundo o tempo todo e ser bom, certo? Bem, os cachorros já sabem como viver assim, então eles não precisam ficar por muito tempo.

Essa explicação é tão linda quanto o poema de Olavo Bilac chamado Plutão. Este poema foi musicado pelo pessoal do Palavra Cantada, muito anos atrás, quando havia um programa na TV Cultura, chamado Rá-Tim-Bum (não confundir com o Castelo Rá-Tim-Bum da mesma emissora e tão maravilhoso quanto!). Toda fez que eu mostro este poema/música para alguém, a tendência é a pessoa achar a história muito, muito triste. Eu acho a história maravilhosa. O amor deste cachorro pelo se pequenino dono é uma lição para qualquer um de nós. 

E você? O que acha?