Tenho ouvido bastantes mulheres discutirem a opção de se dedicarem à maternidade abrindo mão da vida profissional no período da primeira infância. O ponto em que costuma recair a conversa é que o filho é melhor criado quando a mãe se dedica quase que integralmente a essa função.

Recentemente foi divulgada a continuação da pesquisa conduzida pela professora de Harvard Business School, Kathleen McGinn, que mostra que as mulheres adultas que tiveram mães que trabalhavam fora não só são melhores sucedidas profissionalmente (dados dos resultados preliminares de 2015), como são mais felizes do que as mulheres cujas mães ficavam em casa. Resultados similares foram copilados em duas pesquisas internacionais que ouviu mais de 100 mil homens e mulheres em 29 países de 2002 a 2012.

O ponto da professora McGinn não necessariamente é incentivar as mulheres a trabalhar mesmo com filhos pequenos. Segundo ela, é ajudar a minimizar a culpa que as mulheres sentem por trabalhar com filhos pequenos. E creio que esse é um belo ponto para refletir. A primeira infância de crianças pertencentes às classes econômicas mais baixas, os dados demonstram que quando cuidadas por suas mães, as crianças são mais saudáveis e oferecem maior capacidade de desenvolvimento. Por viverem em ambientes precários e suscetíveis a vários tipos de violência, a mãe costuma proteger mais do que familiares ou cuidadores – como vizinhos.

No caso de criança pertencentes às camadas econômicas superiores, penso que é uma questão de escolha. Financeira e emocional. No caso do lado emocional, a escolha tem mais a ver com a mãe do que com o filho. Explico: considero que é a relação que a mulher tem com a maternidade e com sua identidade feminina que irá conduzir a escolha. Evidente que o filho será o motivo. Mas a razão da escolha provem da construção que ela fez, desde criança, do que é ser mulher e como a maternidade se desenvolve nesse papel.

Realizar a escolha – seja ela qual for – de forma serena, lucida e feliz fará toda a diferença na vida e futuro dos filhos. Ao invés deles terem uma mãe frustrada, queixosa e manipuladora cobrando a dedicação entregue; terão amor, alegria e cuidado. Quem fica em casa, inevitavelmente terá maior esforço em se manter arejada. O aprimoramento que o emprego oferece pelas suas trocas diárias, dificilmente será suprido por cursos e outras atividades alternativas. Quem trabalha fora dificilmente poderá estar em todas os momentos marcantes dos filhos. Por mais esforço, haverá algum tipo de distanciamento. Que, por outro lado, trará uma visão mais ampla da situação. Em resumo, acredito que como quase tudo na vida, não há receita perfeita. Quanto mais consciência tenhamos das crenças e valores que nos movem, e como tomamos nossas decisões, mais tranquilos estaremos com as perdas e ganhos das nossas escolhas.