Esta semana recebei uma boa notícia, resultado direto de um dos trabalhos que realizo. Algumas pessoas me deram parabéns, outras exaltaram os bons resultados, aquela coisa toda. Eu achei legal, mas não vibrei loucamente. Aí fiquei encanada: por que não valorizei tanto assim?
Me dei conta de que, como 99% das pessoas, eu CREIO que só tem valor se for sofrido para conquistar. E neste caso não foi. Muito pelo contrário. Foi fácil, fluído, leve.
Desde quando comecei a trabalhar com os projetos da Nany, que resultaram no Movimentos Humanos, eu entrei numas de questionar todas as minhas crenças. Não simplesmente para me livrar delas (isso na minha opinião é impossível), mas para estar consciente do que elas representam na minha vida e qual o impacto que me trazem. Aquelas que realmente não valem a pena carregar, com conhecimento, fica mais fácil de abandonar.
Quer ver uma outra crença que é parente dessa da valorização do que é sofrido? “O caminho mais fácil é o caminho mais curto”. Não é? Nem sempre. Olha esta historinha que encontrei num livro chamado A Sabedoria da Natureza, de Roberto Otsu. Reproduzo na íntegra:
O rio Tietê, que cruza o estado de São Paulo, é um exemplo de como nem sempre o caminho mais curto é o mais fácil. Sua nascente é em Salesópolis, na Serra do Mar, a 22 quilômetros do litoral paulista. O mar fica a sudeste da cidade, mas o Tietê não vai para sudeste. Por causa do relevo, o rio segue em direção noroeste do estado. Assim, a princípio, suas águas percorrem 1.100 quilômetros até encontrar o rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso. Depois de dasaguar no Paraná, as águas ainda precisam descer mais quatro mil quilômetros rumo ao sul para poder desembocar no oceano, em Mar Del Plata, entre o Uruguai e a Argentina.
Agora, vamos imaginar que as águas do Tietê tivessem capacidade de falar e passassem todo o percurso queixando-se do caminho que têm que fazer: “Que droga! Lá na nascente, eu estava a 22 quilômetros do mar. Por que eu tenho de andar mais de cinco mil quilômetros? Droga!”. E se o rio repetisse isso em nosso ouvido a cada quilômetro percorrido? Ouvir mais de 5 mil vezes a mesma reclamação seria insuportável! Mais o rio não reclama. A água não pensa na distância a ser vencida, ela apenas flui por onde é possível. O terreno e seus acidentes são as circunstâncias e a água não se queixa de nada.

Bonitinha a história, né? Fluir como um rio, sem pensar no percurso.É um bom aprendizado para este momento de tantas reclamações. Lembre-se do Tietê e seus cinco mil quilômetros.