Dizem que o amor de  mãe pelo filho é a forma mais completa de amor incondicional. Como mãe de um único filho, posso dizer que experimentei, de fato, uma forma de amor completamente nova a partir do nascimento do pequeno Pedro. Antes, quando ele ainda estava sendo gerado dentro de mim, eu sentia algo diferente, mas não sei definir exatamente se era amor. É por isso que eu acredito que o amor é algo que cresce. 
É uma mágica o que acontece nos primeiros meses em companhia de uma criança gerada por você. O dia a dia é tão intenso, o trabalho braçal é insano e ainda tem toda a carga emocional e todos os receios vindo à tona num mesmo momento. Mesmo assim, de repente, você se dá conta que está completamente inundada por um sentimento infinitamente novo.
É algo que não tem como se preparar. Sempre falo para as minhas amigas grávidas que não existem palavras para o que elas vão sentir daqui alguns meses.  É explosão de amor, uma coisa tão vibrante, intensa. Mas não é avassaladora. É paz. Esta é a grande diferença. Não há dor neste amor e isso é simplesmente envolvente. Essa sensação ficou tão registrada em mim, que consigo me lembrar com perfeição dos dias em que me dei conta desse amor. Lembro do clima, dos cheiros, de todas as percepções. É divino, sem dúvida. 
Era tudo tão novo que eu me perguntava: se este amor é tão incondicional, porque temos tantos problemas a resolver com nossos pais? Tantas neuroses nascem desse tipo de relacionamento? Psiquiatras passaram a vida tentando explicar esta complexa relação. Eu tinha uma visão equivocada deste tipo de amor, pensando que ele deveria ser perfeito e, portanto, a qualquer cenário de imperfeição, começava a acreditar que não era o tal amor incondicional que tanto se alardeava.
Foi ai que aprendi algo sobre o amor, através das palavras de dois escritores americanos, Hugh e Gayler Prather,  que também foram conselheiros matrominiais e casados durante décadas. Eles escreveram diversos livros juntos e dizem assim: “É verdade que amar cura, mas receber amor não. Receber amor apenas mantém a porta aberta para a cura, para a felicidade e a realização, para a satisfação das necessidades. Mas para atravessar essa porta, é preciso amar. Se receber amor curasse alguém, todas as criaturas seriam perfeitas, pois têm e sempre vão ter o amor de algo maior.”
Por isso hoje penso diferente: amor simplesmente é. Mas é preciso estar alerta. O amor sozinho não é suficiente. É preciso praticar o amor. É preciso cultivar o amor. Libertar. Ele não pode existir no medo ou no seu desejar. Muito menos pode acontecer pelo ego. Pois isso não é amor. Dizer que se ama loucamente uma pessoa ou ama de doer é algo impossível de acontecer. O amor é exatamente o antídoto para estes desespero desenfreado. Por isso é preciso cuidar como se fosse uma planta que nasce frágil e torna-se forte com os cuidados e o passar do tempo. 
Amo incondicionalmente meu filho, mas não vivo no paraíso. Sei que, o meu amor, não o salvará de nada. Muito pelo contrário. E por tanto amar é que tento ensiná-lo que o mais importante é ele trilhar o seu próprio caminho do amor. Isso pode nada ter a ver comigo, mas assim, liberto seu coração e me liberto. Por isso, amo. É uma roda mágica.