A dica para este fim de semana é muito fácil e muito difícil ao mesmo tempo. Nossa proposta é “bater papo”! Isso mesmo! “Jogar conversa fora”, como diz a expressão popular. Pense em quantos amigos que você não fala há muito tempo ou aqueles que você encontra por acaso na correria do dia a dia e combina um café que nunca acontece ou ainda, os amigos mais chegados que você vai protelando de encontrar para conversar com calma, para falar e para ouvir. Pois a proposta é que você escolha um desses amigos e realmente combine de encontrar e realmente vá! Encontre seu amigo, receba-o em casa, tanto faz. Passe um bom tempo com ele. Coloque o assunto em dia. Este ato é renovador e vai fazer muito bem.

Você já deve ter ouvido falar que os antigos, especialmente os povos indígenas, costumam se reunir ao redor de uma fogueira para conversar. Assim como certamente já escutou sua avó contar que antigamente era comum se sentar na frente das casas no fim do dia para “jogar conversa fora”. No mundo de hoje este ritual ficou cada vez mais difícil e por mais que a gente fale o tempo todo, como muitas pessoas, é cada vez mais difícil conversarmos de fato com amigos.

Quer saber? Mesmo que você não faça isso com amigos antigos, faça com a sua família, em casa. Reunindo todos da cozinha, por exemplo e cozinhando para eles, sem pressa de terminar, sem cobranças que é hora do almoço ou do jantar. Percam-se nas horas e simplesmente conversem. É muito bom.

Para inspirar você pode pensar num ritual do xamanismo que fala da  meditação pelo uso da palavra. Nesses rituais é comum usar um instrumento chamado o pau-falante. Ele é utilizado especificamente por nativos norte-americanos. Trata-se de um pedaço de pau consagrado para que se apresente o “sagrado ponto de vista “. A pessoa que vai falar está com o pau-falante (ou pau que fala) nas mãos e ninguém mais pode falar enquanto o outro estiver com o objeto. Essa pessoa pode falar o que ela quiser, sobre quem quiser, da forma que quiser. É um lindo exercício de paciência, respeito e capacidade de ouvir. Você não precisa obviamente ir as vias de fato e ter o pau falante numa conversa informal com um amigo, mas pense no seu significado. Conduza a conversa pensando que seu amigo tanto pode ser a pessoa que fala quanto pode ser o ouvinte. E vice-versa. Vão ser horas meditativas.

Sei que normalmente a gente tem vontade de falar por horas com alguém, mas nossa vida e, principalmente nossa cabeça nos paralisa. Clarice Linspector, quando morava no exterior, costumava se corresponder por cartas com seus amigos que estavam no Brasil. Em 1945 ela escreveu uma carta para sua amiga Tania Kaufman e num dos trechos ela mostrava a dificuldade de expressão que é comum entre as pessoas. Dizia assim: “mesmo pessoalmente é difícil conversar, mesmo quando a conversa é entre duas irmãs que se gostam e se entendem. Mil sentimentos atrapalham, seja o próprio amor, a desconfiança de que o outro esteja vagamente mentindo, a vontade de convencer, etc”. 

Que tal deixar isso tudo de lado, passar a mão no telefone e ligar agora para um amigo e bater um super papo?

Um fim de semana cheio conversas gostosas para todos nós!