Ontem foi o dia dos pais. Passei o dia no Rio de Janeiro, almoçamos com meu sogro, honrando o patriarca. No FB a maioria das publicações eram destinadas, claro, aos pais. Como acabara de voltar de Recife onde realizamos o workshop do Projeto Uno, desta vez com mulheres, a importância da figura masculina nas nossas vidas está bastante presente em mim por isso gostaria de trazer a seguinte reflexão: vimos no Projeto Mulheres e no Projeto Homens que há uma crença estabelecida tanto nas mulheres, quanto nos homens, o que no meu entendimento é mais sério, de que as mulheres são melhores do que os homens.


Essa crença, entendemos até agora, foi consolidada, provavelmente, nos últimos 100 anos, quando a mulher foi ganhando espaço no ambiente público – a rua, o palco social. Nesse período, também, a educação formal escolar já era dominada por mulheres que, na tentativa de ter alguma atividade fora do lar escolhiam o magistério, uma das poucas opções aceitável socialmente para as mulheres. Assim as mulheres tiveram mais importância na formação dos homens e das mulheres do que num passado mais remoto.

Quando falo da crença, as mulheres são melhores do que os homens, alguns me perguntam se foi uma revanche das mulheres. Pode até ser. Mais inconsciente que consciente, creio eu. Mas penso que existem outras razões mais relevantes para essa crença se instaurar. A primeira é a visão binar que temos da vida, homem-mulheres, preto-branco, rico-pobre, mais-menos, em cima-embaixo, para alguém subir, alguém tem que descer. Estamos caminhando para uma complexidade da realidade maior, mas ainda somos dominados por essa percepção binar da realidade. Então, para eu ganhar espaço, alguém tem que perder.

Outro ponto é que antes mulheres submissas, sob o domínio masculino, começaram a ganhar voz e força. Muitas saíram dos lares, sem nada a não ser os filhos embaixo dos braços. Foram a luta. Elas geraram filhos orgulhosos da coragem materna-feminina. As que ficaram nos lares, começaram a falar mais – e não calaram mais – e assim fazer o domínio indireto (às vezes nem tanto assim) do território privado e invadir, mesmo dentro do lar, o espaço público interferindo diretamente na vida e forma de agir do marido. 

Outras mulheres ficaram nos dois espaços – casa e rua – acumulando funções. Provando (para quem?) que podiam. Essas ‘super-mulheres’ multitarefas, hoje exaustas e estressadas, carregam a bandeira da auto-suficiência. E são, pela nossas pesquisas, as que mais sofrem com a solidão que a liderança lhes trouxe.

A questão principal aqui não é se ela pode ou não pode, mas a necessidade dela de provar- e binar como somos – fazê-lo desmerecendo o outro, neste caso, o homem. Quem não tem uma mulher, seja ela, mãe, irmã, sobrinha, vizinha que fala mal do seu companheiro? Que sempre o desmoraliza e lhe tira autoridade, mesmo que por ‘brincadeira’?
Assim, somos todos hoje em dia, mulheres e homens, frutos de gerações de mulheres poderosas, representantes hoje da força e do poder de superação. Beleza. Conseguimos. E agora, cadê os homens que tanto queremos?