Uma das coisas que meu marido me deu nestes anos de relacionamento foi a música. Foi assim que fui apresentada ao maestro Tom Jobim, Vinicius de Moraes e muitos outros compositores e cantores que fizeram deste país o país da música. 
 
Aprendi a conhecer sobre melodias, notas e reconhecer letras mobiliadora de sentimentos. Alguns aprendi a gostar e respeitar, outros a conexão foi instantânea. Foi o caso com Elis Regina. Amor e paixão a primeiríssima vista. Sua voz potente, visceral me pegou em cheio. Ouço Elis sempre. Ela me leva para mundos internos e externos. Pela suas escolhas de letras politizadas, fui conhecendo um Brasil da ditadura, das diferenças sociais. A sua intensidade – tanto na vida como na música –  dificilmente deixa alguém imune após ouvi-la.
 
Conheci a Maria Rita no seu primeiro show. O que mais contribuiu a admirá-la foi reconhecer nela a coragem de cantar sendo filha de Elis. A inevitável tentativa do público e imprensa de ressuscitar Elis nela, poderia ser um peso muito grande de carregar. 
 
Foi com esse sentimento que fui assistir o show Viva Elis promovido pela Nivea. Até então Maria Rita tinha seguido seu próprio caminho e, me parece, seria a primeira vez que ela cantaria canções interpretadas pela sua mãe, num show dedicado exclusivamente a ela. Difícil pensei, Elis é Elis.
 
O que vi no palco foi um ato de Amor e Entrega. Maravilhoso, emocionante, marcante. Vi uma filha querendo honrar a mãe. Querendo, como ela mesma disse, que sua mãe possa chegar as gerações que não tiveram a sorte de conhecê-la. Vi uma filha prestando homenagem à mãe, de quem lamenta não lembrar porque a perdeu aos 4 anos de idade. Homenagem oferecida com humildade, emoção a flor da pele, inteireza. 
 
Impossível não se emocionar e compreender que quando estamos munidos de amor no coração, a coragem vem. Lindo Maria Rita e João Marcelo Boscoli. Linda homenagem.